A Razão de Partir


   Texto escrito por Maria


   A razão de partir… o medo de sentir…

   Olho a minha volta e vejo vidas tão diferentes… a forma como crescemos, como olhamos o mundo… como pensamos e como sentimos. Um sentimento que vai desde a forma como olhamos para nós próprios ou como nos colocamos face aos outros (ou face ao outro)…

   Há situações na vida que por vezes nos retiram a nossa energia, roubam a forma como acreditamos no mundo e nas pessoas, os nossos sonhos, e… a partir desse instante… é como se tudo se transformasse, como se passássemos a ver o mundo segundo a lupa do receio e do que pode sempre correr mal… Conheço uma frase que diz «Os sentimentos devem ser livres. Não se deve tentar julgar o amor futuro pelo sofrimento passado» (Paulo Coelho). Mas será que a partir de determinados acontecimentos (aqueles que transformam a nossa vida num momento) … será que conseguimos que os nossos sentimentos permaneçam livres… livres sem o receio do que possa acontecer de menos positivo… Será a nossa nova entrega realmente livre para deixar entrar tudo o que temos direito, ou que acreditamos que temos direito!!! Esta frase “típica” de “tudo o que temos direito” acaba por ser ela curiosa… Tudo o que temos de direito… mas não acaba este próprio termo por nos levar a querer essa liberdade de sentimentos… porque só podemos ter direito quando nos expomos às situações, quando permitimos que aconteça… Então porque fugimos???

   A razão de partir pelo medo de sentir… quantas vezes acontece?? Quantas vezes se foge quando percebemos que o sentimento pode ser mais forte… aí o receio apodera-se de nós, pelo inesperado que pode surgir o momento seguinte… E se??? E é esta a pergunta que passa pelo pensamento… e se sou só eu que estou nesta sintonia… Qual sintonia??? (se sou só eu que estou lá.) E se sigo este caminho… já correu mal num outro momento… e agora?? Vou fugir… é um primeiro pensamento… E quantas pessoas fogem, pegam nas “malas” e saem logo na primeira estação onde o comboio pára, numa estação onde já estiveram antes e onde se torna o seu porto seguro…

   Tantas desculpas são dadas nesses momentos… por vezes já estamos tão mecanizados que nem nos apercebemos dessas mesmas desculpas, desses comportamentos que já são tão naturais e que nos afastam do que de novo pode acontecer nas nossas vidas… Ai esse receio…

   Por outro lado, em algumas situações, é a entrega imediata e absoluta em determinado momento… quando alguém “nos” dá a mão e nos olha de uma forma absoluta… e quase nos dizem que somos a vida… e nos levam a acreditar nesses sentimentos… e afinal… na “hora” seguinte já passou… “afinal estava enganado”… como é que se passa de um sentimento a outro assim, num piscar de olhos… mas as pessoas andam doidas??

   Neste momento sinto vontade de partir para não sentir o medo de que tudo afinal seja um sonho… um sonho que não se possa transformar numa realidade concreta… Mas será que há uma realidade concreta ao nível dos sentimentos… na verdade não sei esta resposta!!! Só sei que estou a meio caminho entre o medo de ficar e o sentir que tenho de partir… e assim vou calando o penso… calando e escondendo o que sinto e guardo para mim tudo o que poderia dar…

   A verdade é que adoro quando me abraças… adoro o teu cheiro…. o teu sorriso e o teu olhar… gosto da forma como me sinto quando estou contigo… a forma como me sinto quando penso em ti, mesmo que não estejas ao meu lado… Mas só me mostras que não é uma estação para ficar… o comboio segue e dizes-me, mesmo com o teu silêncio, que tenho de apanhar esse comboio e seguir… seguir a minha viagem sem que me acompenhes…


3 comentários:

  1. Porque serà que nunca me canso de ler o teu blog,....és e sempre seràs unico naquilo que escreves.

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  2. A par de outras histórias que li neste blog, mais uma que gostei.

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     O vídeo que pode ver em baixo é uma curta-metragem chamado Cupidity (ou Cupido, em português).

     A história é sobre uma empregada de mesa apaixonada por um cliente, mas que ele nunca reparou nela. Ela canta no restaurante onde trabalha e todos a aplaudem... menos o cliente por quem ela está interessada.

     Até que ela percebe o real motivo do desinteresse e recebe a ajuda de um Cupido. Veja por si mesmo: clique no play e emocione-se.