
A história de uma mulher invulgar num país mergulhado nas trevas da ditadura.
«Na noite em que nasceste, madrugada adentro, coisas estranhas aconteceram.»
Começa assim a história de Alma. Depois dessa madrugada o destino da criança de cabelos cor de fogo estava traçado. Particularmente dotada, inteligente, sensível e com uma percepção paranormal da realidade, Alma é olhada na pequena aldeia como um ser estranho. Rejeitada pela família e pelo povo, encontra refúgio junto de uma velha mulher, a Ti Ifigénia, também ela isolada e considerada bruxa.
Num dia de Outono, a mãe de Alma, que tinha como verdade assente que a filha era um caso perdido, envia-a para Lisboa como criada de servir. Na casa de Dona Sofia, a menina de cabelos cor de fogo é acolhida e educada como uma filha e pela primeira vez Alma sente-se amada e desejada. A partir dali, o seu futuro será, para o bem e para o mal, para o melhor e para o pior, completamente diferente do seu passado.
Um retrato impressionante do Portugal profundo dos anos 50. Um mundo rural dominado por medos, superstições e ignorância. Um mundo da capital do país em que a mentalidade burguesa desconfia de todos os comportamentos que fogem dos estereótipos da época.
A história de Alma atravessa-se com histórias de muitas vidas, seres de luz, que, mesmo num ambiente hostil e com um destino que rouba à nascença a felicidade e o futuro, iluminam caminhos.
A Minha Opinião
Gosto de aceitar um conselho de leitura, gosto de através disso conhecer não só o que esse livro traz mas também ver nisso um pouco da pessoa que deu o conselho. Obrigado a quem me deu a conhecer este livro, esta forma de escrever e por agora me fazer gostar da pessoa que o escreveu... antes não era tanto assim!
O preço a que os livros estão, faz-me recorrer quase sempre à Biblioteca Municipal de Constância e devo dizer que no que diz respeito a este livro, fizeram todos os esforços para que ele chegasse às minhas mãos o mais breve possível, já que este não se encontrava nas instalações da Biblioteca.
Há coisas que por mais que tente sempre serão de uma determinada forma. Assusta-me os livros cujo número de páginas é já apreciável, bem sei que isso não determina se vou, à partida, gostar dele ou não... No entanto, assim que o comecei a ler percebi que não tinha ali uma corrida de 5km, mas de 100m, isto porque a forma de escrever e a história relatada criam necessidade de ler sem parar.
De facto adorei a forma como está escrito, como a autora divide a narração com uma das personagens e como os dois relatos se complementam. É uma história cativante, que nos faz rir, que nos faz pensar e que bem no fim até me fez verter umas lágrimas. Saboreei a leitura deste livro com muito prazer e fiquei com alguma curiosidade em relação a outras obras da autora.
Por fim, muito obrigada Luísa Castel-Branco, pelas horas de puro prazer literário.
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