Embalados pelo Piano


   Aquela música, que apenas conhecia com batida, resulta muito bem apenas com o piano. Adorei ouvir. Senti necessidade de ir mais para junto dela, tive curiosidade em ver os dedos dela pressionar as teclas, sempre me impressionou toda a ginástica dos dedos, das mãos que tocam piano.
   Fiquei absolutamente deslumbrado.
   Elisa notou, sorriu para mim. Tocou todo o tema, uns 3 ou 4 minutos. No final não resisti, bati palmas. Ela levantou-se e a sorrir fez uma vénia.
   – Presumo que gostou? – perguntou ela.
   – Adorei. – disse sinceramente – Só não gostei do velhote. – disse simulando alguma tristeza, mas sentindo-me muito bem ali... com Elisa.
   – Não leve a mal, é um velhote bem conservado. – disse olhando-me de cima a baixo – O tema chama-se Children e é de um tal Robert Miles, ou se preferir: Robert Concina, um músico italo-suiço.
   – Sério!? – exclamei interrogativo, ela confirmou com um gesto afirmativo de cabeça – Não sabia! Pensei que fosse inglês ou americano.
   – Vou só tocar mais um tema para sim. – disse.
   Sorri. Preparei-me para ver as mãos dela a acariciar as teclas do piano.

* * *

   Há já umas boas semanas que não tocava. Andava numa de só ouvir. Os dedos estavam um pouco presos e sentia-me um pouco nervosa por ter um inesperado espectador, mas ainda assim preparei-me para o presentear com mais um tema, desta vez de Brain Crain.
   Santiago pareceu estar a apreciar a música, senti que como que se libertara e estava a desfrutar plenamente aqueles momentos. Agradava-me muito, mesmo muito, que ele se tornasse apreciador da música daquele instrumento. Toquei um tema que ele já ouvira na ampla sala de estar, mas não lhe podia exigir que se lembrasse.
   Quando terminei, ele sorriu. Mas não aplaudiu desta vez.
   – Não tenho direito a palmas desta vez? – perguntei com um ar triste.
   – Ups! – exclamou ele e lá bateu palmas.
   – Obrigado! – disse a sorrir, sem vénia, desta vez. – Sabe, apetece-me ir sentar a seu lado.
   Levantei-me do piano e peguei-lhe na mão.
   – Vamos... – disse-lhe e ele não mostrou resistência.
   – Está bem. – disse ele, mas senti que não estava absolutamente seguro.
   – Sente-se... – ordenei – Vou colocar música para relaxarmos... – disse mas não terminei o que era para dizer. Ia dizer que já tivéramos muita emoção nesse dia, mas ainda bem que não disse.
   Havia que seguir em frente.
   Fui colocar música, rapidamente. Continuamos na onda do piano. Fui sentar-me ao lado dele. De repente parecíamos dois adolescentes timidamente ao lado um do outro num primeiro encontro a sós.
   Veio-me à ideia ter dormido ao colo dele e não lembrar, não sabia como era apesar de já o ter feito e não gostei de não lembrar essa sensação. Apeteceu-me tê-lo e em mais nada pensei senão em estar no colo dele pela segunda vez e pela primeira poder realmente sentir.
   – Como foi acordar comigo a seu colo? – perguntei. Ele ficou a pensar.
   – Não me lembro bem, estava como que perdido... – começou a lembrar – Aquele vinho era...
   – Uma verdadeira pomada. – interrompi.
   – Isso! – exclamou sorrindo, certamente por constatar que me lembrara de uma citação de seu pai.
   – Posso sentar-me no seu colo? – perguntei.

* * *

   Como podia dizer não? Era uma pergunta de resposta única, só sim tinha um quadrado para colocar uma cruz.
   – Sim, pode... – disse, não por dizer, não por querer, mas disse e quis.
   Elisa sentou-se a meu colo. Amparei-a com as mãos.
   – Como estava eu quando você acordou? – perguntou.
   – Seus braços rodeavam o meu pescoço, seu rosto estava aqui sobre o meu ombro... – respondi.
   Elisa abraçou-me, deitou a cabeça sobre o meu ombro...
   – Assim? – perguntou ela.

* * *

   Santiago voltou ligeiramente o rosto para mim, certamente para responder e... ficamos demasiado perto, demasiado expostos, demasiado sujeitos à tentação, às nossas fraquezas e vulnerabilidades, ao colmatar da carência que embora por motivo diferentes ambos vivíamos naquele preciso instante.
   Nossos olhos encontram-se num mesmo olhar, o diálogo não continuou, mas um piano tocava. Num impulso, como se fosse um imã, meus lábios rumaram aos dele... e estes tocaram-se ao de leve, como leve é o poisar de uma borboleta numa flor.
   Foi, portanto, um toque ligeiro, muito pequeno, o ar de repente pareceu faltar-me, o meu peito pareceu comprimir. Os olhos dele estavam abertos, os meus queriam fechar como se quisesse adormecer, adormecer num beijo.
   Ele parecia apavorado.
   Naquele instante, naquele impulso, naquele instante tão curto mas longo, senti em mim uma inesperada racionalidade, percebi que mexera com ele, mas que não podia ir mais além.
   Senti um controlo sob aquela situação no sentido de dar um passo de cada vez. Mas queria deixar nele ideias inequívocas do que sentia por ele.

* * *

   Fiquei, senti-me, paralisado.
   Senti atração por Elisa, mas Laura não fora uma mulher na minha vida, fora a mulher da minha vida e naquele instante, ao ver-me ali, a sentir por Elisa coisas que só antes sentira por Laura, fez-me sentir estranho. Senti-me a trair Laura, como se esta estivesse viva e lhe devesse fidelidade.
   Quis dizer isso a Elisa, mas fiquei imóvel.
   Tive a certeza que ela me iria beijar, seus olhos estavam à beira de se fechar, os meus abriam ainda mais. Nossos lábios tocavam-se ao de leve.
   – Estou a desejá-lo... – disse ela – Desculpe...
   Não disse nada. Fiquei ainda mais imóvel, como que gelado.
   – Deixe-me ficar assim um bocadinho. – pediu.
   Seus olhos voltaram a abrir aqueles milímetros que se haviam fechado, nossos lábios depois afastaram-se, a cabeça dela como que se aninhou no meu ombro. Ela olhou-me com carinho. Senti. Seus olhos fecharam-se, parecia ir dormir no meu ombro. Um piano tocava.
   Lá fora a noite certamente já caíra...
   Abracei-a com força. Depois fechei os meus olhos e embalado pelo piano, que não parava de tocar...

* * *

   Estava na hora de ir embora, já era tarde.
   Elisa abriu a porta, mas fui eu que puxei. Naturalmente a porta abriu para dentro e com isso recuei ligeiramente, não sei se por acaso, ou talvez não, se o fiz mais rápido do que ela previa, ou se ela o fez de propósito, mas o certo é que ficamos a tocar-nos. Nossos corpos encaixaram-se perfeitamente. Ela segurou-me, a sua mão esquerda na minha barriga, parecia querer verificar os meus abdominais. Como a sua estatura é sensivelmente a mesma que a minha, mas naquele dia, com os saltos altos que estava a usar, ficava um pouco mais alta que eu.
   Senti a sua respiração no meu pescoço.
   – Gosto do seu perfume. – confessou ela.
   Sua boca, estava perto, perto do meu pescoço, da minha orelha. Falara baixinho. Ela iria beijar-me, pressenti, desejei.
   – Obrigado. – agradeci.
   O tempo parecia começar a parar. Não me voltei, fiquei como estava. Se ela se lembrasse de lamber a minha orelha... Meu Deus!... Eu iria perder-me, deixaria de ter controlo, o controlo que queria perder.
   Com a porta entreaberta. A minha mão direita, como que em simetria, foi para trás, o seu destino a nádega direita de Elisa, onde termina a perna e ainda antes das costas. Era fino o tecido, quase pele mas pele não era. Seria daí a pouco, pele na minha mão, diziam as minhas intenções.
   Apertei-a contra mim, lentamente. A mão dela entrou para dentro da camisa, naquele espaço entre o último botão e a cintura das calças. Apalpou meus abdominais.
   – Hum! Gosto muito... – disse ela por certo ao notar o trabalho de muitos anos de ginásio.
   Apalpei-lhe a nádega, há já algum tempo que o desejava fazer. Ela gemeu, respirou mais fundo, de surpresa, quem sabe. De prazer, talvez. Ou não só, mas também. Ela beijou meu pescoço, seus lábios eram macios e estavam húmidos, como que se colavam. Senti que ela, como que, cresceu. Ficou em bicos de pés, por certo, minha mão alcançava ainda melhor a sua nádega. Seus seios trepavam assim mais um pouco nas minhas costas e... Elisa lambeu a minha orelha.
   – Não faça isso. – disse, sem convicção, ao mesmo tempo que deixava cair ligeiramente a minha cabeça para trás, para que ela continuasse.
   – Eu faço o que eu quiser. – disse ela, com a convicção que me faltara.
   Sim, eu sabia, sentia o controlo. Custa admiti-lo, excita sentir ela a tomar as rédeas.
   Ela arranhava-me, agora, também, ligeiramente a barriga. Arrepia-me, excitava-me a sua língua na minha orelha, a sua respiração sensual de desejo impregnada. Meu coração galopava, quase me saia pelo peito e descia pelas escadas ali em frente da porta entreaberta... A sua mão entrou ligeiramente dentro das calças, tocou os boxers... A língua na minha orelha, os seus sussurros gemidos, o tempo a lentar, a excitação à velocidade da luz... tão mais rápida que o som.
   Quis voltar-me de frente para ela, ela não deixou mordendo para tal o lóbulo da minha orelha e eu parei, nessa intenção, mas não no dar asas ao que sentia. Comecei a arrebanhar a sua saia para cima, queria tocar-lhe a nádega nua, sentir a sua pele, pele essa que só podia ser macia, aveludada.
   Quis de novo voltar-me, estava a ficar sem controlo, queria possui-la ali mesmo, naquele instante, deixara de saber onde estava, perdera noção da realidade, que a porta estava entreaberta. Que alguém podia passar.
   – Não. – ordenou ela.
   Mordeu de novo o lóbulo da minha orelha, subiu a mão e cravou as unhas na minha barriga. Gostei da dor.
   Enquanto isso continuara a arrebanhar-lhe a saia, daí o seu não... mas era mais rápido, como a luz, o meu descontrolo.
   Sua nádega ficara nua. Eu não via. Mas minha mão sentia a esperada pele macia e aveludada.
   – O que é que você está a fazer? – perguntou ela.
   – Estou a imaginar umas pernas melhores que as do quadro. – respondi.
   – Sabe, Santiago, você devia ter umas aulas de anatomia... – disse mordendo novamente a minha orelha.
   – Porquê? – perguntei curioso.
   – Porque aí a perna já terminou. – informou.
   – Sério? – interroguei.
   Voltou a cravar as unhas. Como se me castigasse.
   – Está a brincar com o fogo... – avisou ela.
   Sua mão voltou a entrar nas minhas calças. Por dentro dos boxers também. Pressenti que me ia apalpar. Pressenti mal. Relaxei-me. Preparei-me para o toque.
   – Você não devia ter começado algo que hoje não pode terminar. – informou. A mão dela quase lá e eu sem nada perceber. O que ela dizia não correspondia com o que fazia.
   Num ápice. Numa sucessão de movimentos rápidos. Eu estava na rua.
   Ela esquivou-se da minha mão. Libertou-me libertando-se também. Suas mãos livres, abriram completamente a porta e empurram-me para fora.
   Ali fiquei uns instantes, na frente da porta dela, a olhá-la fixamente. Pensava que tudo aquilo não me podia estar a acontecer, que Elisa não podia ter feito aquilo comigo. Porquê? O que queria ela de mim?
   Quando estava mesmo para ir embora. Sem respostas. Ainda estupefacto. A porta abriu-se de novo.
   Elisa saiu, tapava-a apenas um fino lençol que deixava notar todos os contornos do seu corpo, veio ao meu encontro e inesperadamente, sem nada dizer, beijou-me na boca.
Naturalmente, beijei-a também. Era o nosso primeiro beijo.
   – Agora vá-se embora, tentação... – disse a sorrir.
   Voltou costas e o lençol caiu até à cintura, pois ela não o deixou cair mais, deixando as suas costas descobertas.
   Eu não consegui dizer mais nada. Foi assim que voltou para casa, a porta fechou-se e a mim nada mais me restava fazer a não ser chamar o elevador e ir embora.

* * *

   Quando voltei a abrir os olhos, depois de sonhar acordado o nosso primeiro beijo... Elisa olhava-me...
   – Falta levar-me ao colo para a cama, é só o que me falta saber... – pediu ela muito calmamente.
   Foi isso que fiz, levantei-me com ela ao colo e coloquei-a sobre a cama. Não lhe tirei os sapatos, não a tapei, fiquei a contemplá-la.


   Notas Finais
   Agradeço mais uma vez à minha amiga Ivone Moreira a paciência que tem para corrigir o que escrevo.

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14 comentários:

  1. D-E-L-I-C-I-O-S-O, de se ler. Desta vez com um saber a chocolate e malagueta. Até se fica com os "calôs"... ;) . Foi de certo modo a conspiração dos sentimentos, das vontades, dos desejos que ambos sentem. Adorei :*
    Cada vez mais e melhor!

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    1. Vivemos de afectos, precisamos deles... precisamos deles para viver, para dar valor à vida... Para poder concluir que ela vale a pena apesar do passado que no passado deve ficar.
      Nos desejos há também entraves, da parte dele! Nela há a necessidade de respeitar, de o reabilitar através do sentimento pois ele é alguém que se deixou morrer para a emoção inerente ao sentimento...

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  2. Envolvente!! Parece que saímos da fase da letargia!! Começa a descoberta sensorial a dois!!

    Adorei esta imagem " Num impulso, como se fosse um imã, meus lábios rumaram aos dele... e estes tocaram-se ao de leve, como leve é o poisar de uma borboleta numa flor"...

    Continuação de dias inspirados :)
    Beijinho**
    Marta

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    1. Saímos sim, de alguma letargia, mas há passos que podem ser mais longos que as pernas... esperemos o próximo!
      A Marta ao referir "adorei esta imagem" deixa-me com a sensação de "dever" cumprido, isto porque gosto de escrever como se o que está a acontecer fosse um cena de um filme. Gosto de tornar essa cenas lentas e cheias de sensações, apesar de em tempo real serem rápidas...
      Obrigado pela fidelidade ;)

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  3. Fabuloso
    Adorei o que li... e promete muita intensidade
    Bravo Vitor, e cá espero a continuação
    Beijinho

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    1. Delicioso, envolvente, fabuloso... são os adjectivos usados até ao momento para descrever este meu mais recente texto... Parece-me bem ;)
      Beijinho Fernanda...

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    2. Ah.... e esqueci-me de referir que também gostei do vídeo ;)

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    3. Muito bom mesmo ;)
      (Indicação de Maria Costa)

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  4. Bem, a história está a ficar quente! Se não fosse as investidas da nossa Elisa, o nosso Santiago ficava ali, parado no tempo. Ainda bem que apareceu a Elisa, cheia de vida e alegria, desinibida e provocante, para o acordar para a vida. É nestes momentos que precisamos de alguém com boas energias, para nos conseguir erguer e fazer crer no futuro que se avizinha. Não concordo muito com a atitude dela, deveria ser mais contida, mas mediante o contexto, tinha que haver esta personagem. Bem, o que mais queres que te diga, estou a gostar imenso, continua a nos cativar e deslumbrar com mais capítulos, que tanto me agradam ler. Beijokas, fica bem.

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    1. Sim, Elisa está a ser determinante para o "ressuscitar" de Santiago. Sem dúvida que ele precisava de alguém assim, capaz de mexer com as suas rotinas, com os seus traumas, capaz de abanar definitivamente uma forma de viver que não é a mais louvável para a sua própria saúde mental a médio e longo prazo.
      A mim agrada-me a forma dela ser, agrada-me que ela se assuma, que não espero por ele em momentos determinantes... Gosto que ela seja assim...
      Obrigado pela fidelidade ;)

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  5. Adoro a maneira como escreve... faz-me sentir-me dentro do enrredo... muito envolvente... Parabéns

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    1. Muito Obrigado Sofia...
      Eu mesmo, quando escrevo gosto de me sentir parte da história que conto mesmo sem ser personagem, é por isso que adoro usar a primeira pessoa e é como me sinto melhor a escrever.
      Beijinhos

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  6. Sónia Freitas Terra26 de março de 2013 às 14:05

    Sim gostei de ler... é de fato envolvente... parecendo já um conto de fadas... irrealista.... mas isso é muito muito bom, porque na vida é necessário apimentar as relações... coisa que em muito na realidade falta. Continua é emergente sonharmos acordados... eu pelo menos preciso e muito.

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    1. Há contos de fadas que se tornam reais!
      Quero acreditar que assim seja e se essa fé não existir então de que vale a pena viver?!...
      As relações precisam sempre de ser alimentadas, apimentadas, senão começam a definhar e mais cedo ou mais tarde... morrem!
      Todos nós precisamos... Beijinho

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     O vídeo que pode ver em baixo é uma curta-metragem chamado Cupidity (ou Cupido, em português).

     A história é sobre uma empregada de mesa apaixonada por um cliente, mas que ele nunca reparou nela. Ela canta no restaurante onde trabalha e todos a aplaudem... menos o cliente por quem ela está interessada.

     Até que ela percebe o real motivo do desinteresse e recebe a ajuda de um Cupido. Veja por si mesmo: clique no play e emocione-se.